Feliz Ano Novo!!!!!!!!!
Fonte de Nilao: 1843
Há 10 horas
Ao ler um dos posts de João Botas (http://macauantigo.blogspot.com/) sobre São Francisco Xavier, lembrei-me que foi Avó-Má que me falou, pela primeira vez deste santo. Foi naquela fase em que ainda tinha a esperança que eu fosse estudar para padre e contava-me muitas histórias de santos e milagres, possivelmente com alguma fantasia de permeio, mas que eu até gostava e tornou-me um razoável contador de histórias, capacidade que viria a manifestar mais tarde na escola e depois, quando fui pai de duas ávidas ouvintes.
Posteriormente, foi a minha Mãe que me fez guarda de uma relíquia de São Francisco Xavier, uma relíquia denominada “de contacto”, constituída por um minúsculo pedaço da veste do Santo, quando foi substituído, numa das vezes que o túmulo foi aberto. Tinha-lhe sido dada pelo meu Tio Vasco. Estava dentro de um pequeno envelope com uma gravura e uma oração. Infelizmente, guardei-a tão bem que nunca mais a vi…
Na iminência de ter de se desfazer de tão valiosa peça de indumentária, sem lhe ter dado uso, o que havia de lhe lembrar?
Tinha eu 19 anos, quando os tanques do Pacto de Varsóvia (URSS) invadiram Praga no dia 20 de Agosto de 1968. Ano de grandes transformações sociais (lembremo-nos de Maio de 68), a Checoeslováquia vivia a euforia de uma primavera política toda feita de um Socialismo de rosto humano, quando a força das lagartas comunistas esmagaram tudo à sua passagem. É evidente que o nosso regime de então não deixou de aproveitar o facto, apesar das notícias terem chegado muito filtradas. Dessa época ficou-me o gesto heróico de um estudante, IAN PALACH, de 20 anos, que se imolou pelo fogo, em protesto, numa das artérias principais da cidade em 19 de Janeiro de 1969.
Nasceu em 1918, no mês de Julho, faria hoje 92 anos. Era a mais velha dos oito filhos dos meus Avós. Era muito bonita, aliás, como todas as quatro filhas dos meus Avós. Sei muito pouco da sua vida pessoal. Casou muito nova com um músico filipino. Um casamento de estadão, com o "jet set" da época, que a vida corria bem para o Chefe Amarante e a sua prole. Ouvi dizer que tinha sido na Sé Catedral, só o véu tinha não sei quantos metros e era todo bordado à mão... Na festa tocaram três orquestras. Dessa relação nasceram: a Conceição ("Nonie", que seguiu uma carreira de cantora ligeira e que já referi anteriormente), a Albertina, a Ivone e o "Boy" que, suponho, se chamava Daniel. Pelo meio ficou um primo que nunca cheguei a conhecer, por ter morrido muito cedo (antes dos 4 anos) e que era conhecido muito carinhosamente como o "Menino" e cujo nome era Rui. Talvez por ter sido o primeiro rapaz a nascer como neto da Família Amarante, o seu falecimento prematuro tocou profundamente a todos, muito especialmente o meu Avô. Eu ainda me lembro de nos Dias de Finados irmos levar-lhe flores ao cemitério.
Nasceu há 116 anos. Teve oito filhos. Muitos netos e bisnetos (que chegou a conhecer). Teve uma vida cheia. De tudo. Do melhor e do pior. Mas até nos deixar, mostrou sempre uma lucidez notável. Foi a única Avó que conheci, aquela que é a inspiradora deste blog. Mesmo nos piores momentos da sua vida, foi capaz de manter acesa a chama da esperança, da alegria de viver, contagiando todos os que com ela contactavam. Para quem nasceu há mais de cem anos, foi dos espíritos mais abertos que tive o privilégio de conhecer. As rosas, que ela tanto gostava (e Avô-Pá enchia-lhe o jardim com rosas brancas e rosadas de estacas vindas de Portugal), representam cada uma, os muitos descendentes da Família Amarante espalhados pelo mundo. Um beijo por cada um deles.
Já está na recta final da casa dos 50. É meu primo, filho da minha Tia Gisela (Zela). Chama-se José Manuel Amarante (Jojo). Nasceu no dia 1 de Janeiro de 1952, contam as crónicas, após três dias de trabalho de parto... Como foi praticamente criado pelos meus Avós, era o neto querido destes, se é que podíamos dizer isso. Nos meados dos anos 60 e princípios de 70, tendo como exemplo muitos outros elementos da Família que se dedicaram à música (ver post "Uma Família de Músicos"), muito especialmente o meu primo Nado (Leonardo Amarante), leader dos "Grey Coats", um grupo que teve o seu momento de fama nos anos 60 e que falarei mais tarde, fez parte de uma banda, cujo nome nunca consegui saber, porque eu já não estava em Macau nessa altura e quem me enviou as fotografias, não me facultou esse dado. O curioso nisto tudo, é que o meu primo Jojo aprendeu a tocar viola-baixo com o primo Nado (que era também baixista). Como no início não tinha uma viola própria e era canhoto e o meu primo Nado era dextro, limitou-se a virar a viola deste para a direita, ficando com as cordas mais grossas para baixo e tocava assim. Não sei quanto tempo durou a sua carreira em grupo. Mais tarde, passou a actuar a solo, animando festas e outros eventos. Até há pouco tempo, tinha um cargo de gerência no Hotel Lisboa.
Com dois grandes jogadores de futebol na Família (os meus Tios César e Hugo), devo confessar que, apesar de Professor de Educação Física, Futebol nunca foi o meu forte. Sei o necessário para as aulas e a partir daí reduzo-me à minha auto-reconhecida insignificância.
Nada me aconteceu do insólito golo. Houve muita compreensão por parte da Directora da Escola, que apenas informou a minha mãe do sucedido.