Com os dias de calor, lembrei-me de um episódio contado pela minha Mãe, que o protagonizou, juntamente com a minha Tia Branca.
Isto passou-se nos inícios dos anos 40, quando a minha Mãe, ainda adolescente, acompanhou a sua irmã mais velha a Hong Kong.
Numa das suas voltas, a Tia Branca teve necessidade de ir ao banco da então colónia inglesa. Era a época quente e húmida do Verão sub-tropical. Ao entrarem nas instalações do banco, a minha Mãe sofreu o choque da diferença brusca das temperaturas exterior e interior. Nunca tinha estado num local com ar condicionado. Assim como achou muito agradável, também se lhe levantou uma questão; donde viria o frio, já que não havia vento, nem ventoinhas à vista, nem coisa alguma revestida com gelo, como era suposto haver... Como “Maria Rapaz” que era, não mostrou espanto, mas resolveu investigar de onde vinha a baixa temperatura. Dissimuladamente apalpou o balcão onde a minha Tia estava a ser atendida, nada, encostou-se a uma coluna, nada, (e a minha Tia a dar conta de tudo…),até que se lembrou do chão. Disfarçadamente, abaixou-se como que para atar um dos sapatos e aproveitou para tocar no chão… Já meio desesperada, ouve a voz da minha Tia, que contendo o riso a custo lhe dizia: “Carina, não seja parola!”. É claro que o episódio deu para ser contado e recontado, com grande arrelia da minha Mãe… e o “… não seja parola!” foi a frase mais repetida na Família Amarante naquele Verão.
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