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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Santos e relíquias

Ao ler um dos posts de João Botas (http://macauantigo.blogspot.com/) sobre São Francisco Xavier, lembrei-me que foi Avó-Má que me falou, pela primeira vez deste santo. Foi naquela fase em que ainda tinha a esperança que eu fosse estudar para padre e contava-me muitas histórias de santos e milagres, possivelmente com alguma fantasia de permeio, mas que eu até gostava e tornou-me um razoável contador de histórias, capacidade que viria a manifestar mais tarde na escola e depois, quando fui pai de duas ávidas ouvintes.
Mas, curiosamente, nunca me contou que em Macau se venerava um pedaço do úmero do Santo. Durante a minha viagem de Macau para o Continente, feita no paquete Timor, tivemos, até Singapura, a companhia de um padre, novo, que aproveitando do facto de haver muitas crianças a bordo (na 3ª classe, que era onde viajávamos…) organizava o muito tempo que dispúnhamos para brincadeiras e também para nos ir catequizando, cantando cânticos no convés, contando histórias de santos, rezando o terço… E foi através dele que soube do osso do úmero que ficara em Macau e eu jamais veria, mas do corpo incorrupto do taumaturgo que eu teria a oportunidade de ver em Goa, na escala que o navio fez em Mormugão, na altura, ainda sob administração portuguesa. Era novo, mas muito interessado nestas questões do sobrenatural. Gostei de ver a urna de prata onde repousa o corpo enegrecido envolto em ricas vestes, visível através de um vidro. Outro relicário que me impressionou também, foi o que continha o osso do dedo do pé, arrancado com os dentes por uma fiel que queria ficar com uma relíquia corpórea do Santo…
Posteriormente, foi a minha Mãe que me fez guarda de uma relíquia de São Francisco Xavier, uma relíquia denominada “de contacto”, constituída por um minúsculo pedaço da veste do Santo, quando foi substituído, numa das vezes que o túmulo foi aberto. Tinha-lhe sido dada pelo meu Tio Vasco. Estava dentro de um pequeno envelope com uma gravura e uma oração. Infelizmente, guardei-a tão bem que nunca mais a vi…
Ao pesquisar na net, encontrei uns trabalhos muito interessantes sobre São Francisco Xavier, da autoria de Maria Cristina Osswald e que recomendo vivamente aos interessados.

2 comentários:

  1. Folgo muito que não tenhas seguido a vida eclesiástica, como a Avó Má pretendia, pelo que depreendi. Não te tinha conhecido, o que é um privilégio, e não existiriam as nossas duas princesas! Gostei de ler o que escreveste, pois não conhecia. Mas não é por acaso que és o "último dos Humanistas......"
    Fátinha

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  2. Boa noite,

    Ando a pesquisar sobre o paquete Timor pois o meu avô trabalhou como cozinheiro no mesmo desde 1955 a 1968, li um pouco do seu blog e deparei-me com o facto que esteve nesse paquete. Gostava imenso de saber se eventualmente terá mais algumas informações.


    Atentamente,
    Marisa

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