Esta, foi-me contada pela minha Mãe.
Durante a 2ª Guerra Mundial, os meus avós, como viviam com muita dificuldade, tiveram de alugar um quarto da casa onde viviam, para ajudar a magra reforma do meu Avô.
As inquilinas eram duas chinesas refugiadas, mãe e filha, que, pelos vistos, tinham algumas posses. Eram pessoas simpáticas e dadas, pelo que, rapidamente passaram a conviver com os habitantes da casa.
Certo dia, precisando de ir às compras, perguntaram à minha Mãe se queria ir com elas, o que aconteceu.
A senhora mais velha usava uns brincos de ouro com uns pingentes de diamante, que nunca tirava. Chegadas à rua da Felicidade, começaram a procurar o que queriam. Havia muito movimento. A senhora tinha a filha de um lado e a minha Mãe do outro. As três iam de braço dado. De repente, a minha Mãe sentiu um empurrão forte que a obrigou a largar a senhora. Um indivíduo, tinha arrancado o brinco da orelha da senhora, rasgando-lhe o lóbulo. Com um sangue frio notável, a senhora, muito rápida, tirou o outro brinco, atirou-o na direcção do ladrão ao mesmo tempo que lhe gritava: “Estúpido!”. Este, apercebeu-se do gesto e do grito e pensando que os brincos eram falsos, parou e atirou, por sua vez, o brinco que tinha para junto do que estava no chão.
A senhora recuperou os brincos, coseu a orelha, mas nunca mais usou brincos enquanto lá viveram.
Foto: Rua da Felicidade nos anos da Guerra
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