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sábado, 12 de junho de 2010

Dona Sogra


Fez ontem 21 anos que partiu. Não vou recordar as circunstâncias que antecederam esse facto.
Temos tantas recordações, gratas, que serão essas que procurarei transmitir às nossas filhas, a Diana que ainda a conheceu e a Ana que já não chegou a conhecer.
Sabe, D. Sogra, que tanto a Fatinha como eu nunca tratamos os respectivos sogros por Pai e Mãe; cada um resolveu o problema à sua maneira, eu, a chamar-vos por D. Sogra e Senhor Sogro e a Fatinha a não chamar por coisa alguma, o que era bem mais difícil e complicado…
Da Senhora recebi sempre um tratamento de Filho que nunca esquecerei, embora só uma vez me tenha chamado por tal. É algo que ficará só entre nós.
Poderia dizer que foi uma lutadora, toda a vida trabalhou e muito.
Quero recordá-la pela grande vontade de aprender, de conhecer e experimentar coisas novas (lembra-se daquela mistela que envolvia beringelas que ninguém gostou? Dah…).
Lembro-me de quando vestiu um fato de banho pela primeira vez, a nossa Diana já era nascida e passávamos férias em Lagos. Lembro-me da sua satisfação a banhar-se naquele lago dentro da gruta, com a luz do sol a entrar por cima, na praia do Pinhão. Lembro-me da alegria com que veio do espectáculo de Fernando Pereira, que foi ver com o Senhor Sogro.
As nossas férias na Gaspalha, onde me ensinou tantas coisas sobre a vida do campo. Onde aprendi a “hogar” os feijões e que os rochedos afinal eram “conhos”… Recordo com alguma ternura o seu medo por nós irmos nadar na albufeira do Cabril, como o desconforto de dormir com uma osga no tecto, quando afinal até estava lá a livrar-nos das melgas e mosquitos.
Lembro-me do orgulho com que nos apresentou aos seus colegas da Rua da Prata, já éramos licenciados, ao “senhor engenheiro…” (cujo nome vou omitir).
Sei que teve um grande desgosto pela Fatinha ter casado  com um vestido cor de champanhe (“amarelo”, como disseram as más-línguas lá da rua), mas há-de concordar que nunca viu noiva mais linda. E repare que este ano, em Agosto faremos 31 anos de casados e temos intenções, se Deus quiser, de continuar mais outros tantos.
Era escusado eu dizer, mas a Diana já tem a sua vida própria, professora como os Pais e a Ana a caminho de ser Farmacêutica.
Quanto à Fatinha, quando ela usou o anel do seu Curso pela primeira vez, fui eu que o coloquei no dedo, fiz questão de dizer que era “Pela nossa Mãe”.
Talvez houvesse muitas coisas mais que pudéssemos ter dito entre nós, mas procurei respeitá-la sempre, como a Mãe da minha Mulher, como respeitaria a minha própria Mãe, mesmo quando lhe chamei “Minha Sogra Sombra Negra”, mas isso ficará para outra altura, porque merece um post só por si. Já sei que deve estar a rir-se, mas descanse que contarei essa história.
Beijinhos.

1 comentário:

  1. Sou a filha da D. Sogra, ou seja, a tua mulher que escreves com "m" maiúsculo que tem para mim um significado cujo alcance não sei se consegues imaginar. Obrigada por este "post"? Não,não te vou agradecer, pois sei que sentes a falta dela tanto quanto eu. Já agora,gostaria que soubesses que, em minha opinião, estás a reescrever de forma magistral a saga da Família Amarante que, a partir de 1979 passou a ser também a minha Família. Obrigada!

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