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sexta-feira, 5 de março de 2010

(Parênteses)

Avó-Má vai-me perdoar este parênteses que vou colocar para reagir a uma notícia que nada tem a ver com este blog, a não ser no sentido de que Avó-Má não gostaria de ter um neto, "Neneto", como me chamava, acrítico, acéfalo, amorfo e incapaz de reagir.
Posso estar a empolar, mas existem dias em que a sensibilidade está muito mais reactiva. Hoje é um deles.
Apanhei numa daquelas notícias tipo "Caras" que o nosso PM se vestia numa loja de Los Angeles, considerada só, a mais cara do mundo. Há dias, comprei, por necessidade, uma sweatshirt polar nos saldos do Torres Shopping por 4,9 euros. Fiquei felicíssimo. É quentinha, usei-a a semana toda.
Não aderi à greve da Função Pública, porque, como Professor, a questão do aumento salarial não faz parte das minhas prioridades.
Ao País é pedido contenção, mais trabalho e produção, mais paciência e resignação para suportar a crise e todo o seu rol de sacrifícios. Enquanto uns auferem reformas de luxo por meia dúzia de anos de trabalho, outros ficam-se pela miséria encapotada e envergonhada; enquanto uns ganham mais que o Presidente dos EUA, outros vêm os seus magros salários congelados, outra vez, mais uns anos.
Progredi na carreira, pela última vez, em 2001. Depois de todos os atropelos ao mais elementar dos direitos à dignidade, foi-me imposto que em 1 de Março, finalmente mudaria de índice de vencimento. Mais uma vez a prepotência fez valer a sua força. Mudarei, sim, talvez... no final do ano lectivo, que é como quem diz, em 1 de Setembro, isto se entretanto não houver outra diarreia mental nos que nos mandam e mudem de ideia. Se chegar a receber os retroactivos nos finais de Setembro, terão passado sete meses. Quem me paga os juros?
Desculpe Avó-Má, mas este Portugal onde vivo já não é aquele que me falava. Os cravos brancos que Avô-Pá plantava no jardim e cujas sementes tinham vindo de cá, depois de mudarem para vermelhos já murcharam há muito. As belas rosas que um dia Isabel de Portugal mostrou ao seu real esposo, são importadas. O partido que as adoptou como símbolo conseguiu fazer deste País, um local onde é difícil viver. Onde esperança é sinónimo de miragem. Nesta quase Primavera meteorológica, as andorinhas deram o lugar aos vampiros.

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