Penso que nunca cheguei a saber o seu nome. Era uma cadela rafeira, que tinha sido adoptada por toda a corporação. Gostava de todos. De todos era amiga.
Nas cerimónias oficiais, sabia comportar-se com a formalidade exigida, acompanhando os desfiles e estando quieta quando era necessário.
Mas era nos incêndios que ela revelava o seu espírito de bombeiro. Na viatura do Chefe. Acompanhava todas as operações, sem interferir, às vezes ladrando, outras, calada.
Eu já não a conheci. Certa vez, estando numa fase adiantada de gravidez, falhou o salto para a viatura, caiu e foi colhida mortalmente por uma outra viatura que manobrava.
Foi com grande desgosto que, findo o incêndio, os Bombeiros a enterraram num recanto da parada e sobre o qual plantaram um espaço ajardinado em sua memória e mais tarde construíram um lago artificial com peixes exóticos que passou a constituir um ponto obrigatório de passagem a todos os visitantes pela sua tranquilidade e beleza.
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