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sábado, 20 de março de 2010

Avô-Pá e as "notas"...

Numa altura em que, tanto quanto sei, na Metrópole, nem se falava disso, em Macau, no ensino oficial, todos os meses os Encarregados de Educação (pai ou tutor...) eram informados por escrito, da progressão dos seus educandos.
Assim sendo, todos os meses, uma caderneta escolar lá ia parar a casa, levada pelo aluno (algo quase inconcebível nos dias de hoje...); e falamos de miúdos a partir dos 4 anos!
Vem a propósito que, no final de cada ano lectivo, a caderneta fazia uma pequena viagem; era um ritual que se cumpria com muito prazer. Ir mostrar a caderneta escolar ao Avô-Pá. Não sei qual era o critério, mas de regresso, trazíamos uma moedita (dez avos? vinte avos?), que muito nos fazia felizes.
Não sei como ele o fazia. Um homem que só sabia ler letras de imprensa e mal escrevia o seu nome, tinha lá a sua bitola para premiar os seus netos pelas notas que tinham. E apesar do seu ar severo, havia sempre uma festa na cabeça, uma pequena palavra de encorajamento, normalmente a lembrar que ele não tivera a mesma oportunidade de se instruir. Além da moedita vínhamos a roer uma fatia de maçã daquelas grandes, muito vermelhas e polidas, tipo "Branca de Neve"..., que ele muito gostava e guardava sempre uma ou duas na sua escrivaninha... (uma autêntica arca de segredos que ninguém era autorizado a abrir!)
Agora as criancinhas recebem "segas" e "psp" e outros só por terem positiva num teste...
Foto: Avô-Pá com um dos muitos cães que tinha.


           A minha primeira Caderneta Escolar

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