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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O Laço Branco

Está anunciada a estreia de um filme austríaco que vem galardoado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes e cujo título é "O Laço Branco".

Isto fez-me lembrar uma tradição familiar iniciada por Avó-Má. Todos os elementos masculinos da família (filhos e netos), no dia da 1ª Comunhão levavam no braço, como era hábito, um laço branco.
Quando foi a minha vez, já tinha passado pelos braços dos meus quatro tios maternos e por um número indeterminado de primos mais velhos.
Era um laço de cetim branco, um pouco amarelado do tempo que Avó-Má guardava com todo o desvelo numa caixa de cartão, entre folhas de papel de seda branco. Só era colocado no braço do "primo-comungante", uns minutos antes da cerimónia religiosa e logo após as fotografias da praxe, voltava rapidamente à caixa até à próxima utilização.
Era um laço excepcionalmente pesado. Nas duas pontas existiam umas largas franjas de fios de ouro lavrado pela própria Avó-Má. Usar o laço branco com a franja de fios de ouro, era um motivo de orgulho para todos os rapazes da família.
Durante a 2ª Guerra Mundial, quando as dificuldades financeiras atingiram a Família e todos os bens materiais começaram a ser vendidos e empenhados para nunca mais serem resgatados, o laço branco da 1ª Comunhão, com os fios de ouro, nunca saiu da caixa, a não ser para cumprir a sua função.
Já perdi o rasto do referido objecto; mas, se a vontade de Avó-Má tiver sido cumprida, terá passado para o filho mais velho, o meu tio César, que entretanto já faleceu. Se a tradição se cumpriu o meu primo mais velho, de nome Leonardo, deveria ser, actualmente, o fiel guardião do laço branco de 1ª Comunhão dos Amarantes..

Na segunda fotografia, estou entre o meu Tio/Padrinho César (de fato branco) e o meu Pai. No meu braço esquerdo é visível o laço branco com a franja de ouro.

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