Nasceu quando eu tinha quatro anos, faz hoje 56 anos. Como era hábito na altura, nasceu em casa, ajudado por uma parteira chinesa (diplomada, como a nossa Mãe fazia questão de sublinhar...).
Era suposto meu irmão nascer numa sexta-feira; os sinais de parto tinham começado cedo. Chamada a parteira, depois de observar a parturiente, mandou pôr uma panela de água ao lume para aquecer e iniciou os preparativos para a chegada da cegonha.
Só que não contava com um pequeno pormenor: Avó-Má. "O meu neto não vai nascer numa sexta-feira, dia da morte do Senhor!", dizia.
"Que disparate, minha senhora, não vê que a sua filha já tem a dilatação bastante adiantada? Já falta pouco", respondia a parteira.
Avó-Má não falou mais; sacando do terço que a acompanhava sempre, iniciou silenciosamente uma série interminável de Avé-Marias e Padre-Nossos.
Dum lado a experiência e a ciência, do outro a Fé. No meio disto, o desespero (...) da criada A-Hen, que viu ferver e secar várias vezes a panela de água até ser utilizada.
O meu irmão nasceu, segundo os anais, às 00H30 de 17 de Janeiro, um Sábado.
Trazia o cordão umbilical enrolado no pescoço, situação que a parteira, experiente, resolveu num ápice. A parteira nunca se convenceu se não haveria uma mãozinha sobrenatural nisso tudo.
Era carequinha e tinha os três quilos e picos da ordem. Dos três irmãos, foi considerado, mais tarde, o mais bonito à nascença.
Foi baptizado como Mário (nome de um tio paterno) e Vasco (nome de um tio materno).
Parabéns Irmão!
Foto: eu e o meu irmão
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