Já não a conheci. Nem retive o seu nome. Era, salvo erro, tia da Avó-Má. A minha Mãe, que ainda a conheceu, descrevia-a como uma doce velhinha de cabelos todos brancos, um pouco curvada, mas muito lúcida.
A sua história era muito contada no seio da nossa família. Também não consegui saber se era tia materna ou paterna. Sei que quando amadrinhou a minha tia Branca (a mais velha), a sua idade já era avançada.
Era muitas vezes lembrada pela sua longevidade e, principalmente, por ter fintado três vezes a morte. Doente cardíaca, três vezes foi dada como morta e três vezes recuperou.
Na segunda, já estava no caixão a ser velada; levantou-se a pedir gelado, ao ouvir-se na rua o pregão de um vendedor ambulante chinês que apregoava “Ice cream!”. Imaginem o pandemónio que não deve ter sido…
Pois, depois da terceira vez, cegou, foi operada com êxito às cataratas recuperou a vista e ainda viveu o suficiente para conhecer e embalar a minha prima Conceição (“Connie” de nome artístico e de quem já falei), primeira filha da sua afilhada.
Pequena história de longevidade, no dia em que Manoel de Oliveira cumpre o 101º. ano da sua existência.
Baluarte do Bom Parto
Há 11 horas
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