Este Blog não adere ao Novo Acordo Ortográfico

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sábado, 19 de dezembro de 2009

Compromisso

Pode ser um grande chavão, mas continuo a acreditar que "... esta Terra foi-nos emprestada pelos nossos filhos..." e, como tal, nós é que somos os RESPONSÁVEIS por ela. Em cada gesto que fazemos, em cada pequeno exemplo que damos.



O "Acordo de Copenhague" é um saco vazio de nada... Os "nossos representantes" não se entenderam. Pois que cada um de nós seja o signatário de um compromisso universal virtual: não poluir, não gastar desnecessariamente, fechar as torneiras e as luzes, separar o lixo; a lista é longa e mais do que divulgada. Só temos que segui-la. Deixemos as manifestações mediáticas para as organizações mais vocacionadas. Assumamos que se quisermos, nós conseguimos o que os nossos governantes vergonhosamente não conseguiram (ou não quiseram...).

Quem assina?

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

sábado, 12 de dezembro de 2009

Longevidade

Já não a conheci. Nem retive o seu nome. Era, salvo erro, tia da Avó-Má. A minha Mãe, que  ainda a conheceu, descrevia-a como uma doce velhinha de cabelos todos brancos, um pouco curvada, mas muito lúcida.



A sua história era muito contada no seio da nossa família. Também não consegui saber se era tia materna ou paterna. Sei que quando amadrinhou a minha tia Branca (a mais velha), a sua idade já era avançada.

Era muitas vezes lembrada pela sua longevidade e, principalmente, por ter fintado três vezes a morte. Doente cardíaca, três vezes foi dada como morta e três vezes recuperou.

Na segunda, já estava no caixão a ser velada; levantou-se a pedir gelado, ao ouvir-se na rua o pregão de um vendedor  ambulante chinês que apregoava “Ice cream!”. Imaginem o pandemónio que não deve ter sido…

Pois, depois da terceira vez, cegou, foi operada com êxito às cataratas recuperou a vista e ainda viveu o suficiente para conhecer e embalar a minha prima Conceição (“Connie” de nome artístico e de quem já falei), primeira filha da sua afilhada.

Pequena história de longevidade, no dia em que Manoel de Oliveira cumpre o 101º. ano da sua existência.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Uma Família de Músicos

A minha Avó Materna gostava de cantar e, pelos vistos, fazia-o bem. Meu pai biológico era músico profissional. O marido da minha Tia Branca também. Aliás, a filha mais velha de ambos teve uma carreira de solista com algum êxito, cantando nas mais frequentadas salas com as mais populares orquestras da região (ver recorte de jornal).

Nos anos 60, primos meus tiveram os seus conjuntos, com o meu Primo Nado a alcançar alguma notoriedade quando venceu dois festivais de música moderna em Macau em anos consecutivos.

Nos finais dos anos 60 e inícios de 70 ainda integrei, como vocalista, o conjunto Os Fluviais, da Moita do Norte.

As minhas filhas são melómanas, a mais velha até demonstrou alguma aptidão para instrumentista (flauta de bisel).

Curiosamente, na casa dos meus Avós, um imponente piano de cauda, não inspirou ninguém na sua utilização. Quando o conheci, servia para tudo, desde sentarem ou comerem em cima, dormir a sesta (muito disputado pela sua frescura…), até mudar as fraldas às criancinhas. No seu interior, era possível encontrar objectos dos mais díspares, tais como escovas e ganchos de cabelo, moedas, brincos e brinquedos, bocados de pão bolorento…

Mas eram muito famosos os bailes na casa dos Amarante, no imponente salão sustentado por duas colunas. Nessas alturas, havia sempre quem soubesse dar uso a tão nobre instrumento. Dum lado, uma mesa posta a preceito com as bebidas e as comidas, retemperava as forças dos dançarinos, que do outro, deslizavam num chão prateado de pó de ostras ao som das músicas da época.
Nota: Na fotografia, atrás dos meus Avós, pode-se ver o "célebre" piano de cauda...

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Lendas de Macau I

Contava Avó-Má e a minha Mãe também, com algumas variações , uma curiosa história associada à Fortaleza (ou Forte) da Barra que se situa no extremo da Península de Macau.
Terminada no primeiro quartel do século XVII, defendeu com êxito a cidade dos ataques dos holandeses.
Em 1740 foi erigida uma capela dedicada a S. Tiago, Padroeiro do Exército.
Diz a lenda que a estátua do santo patrulhava o forte de noite, pelo que de manhã as botas estavam enlameadas, havendo um soldado destacado para as limpar. Diz-se que certa vez, este, esqueceu-se das suas obrigações e apanhou com a espada do Santo na cabeça. Como acontece muitas vezes, para não ficarem atrás, outras estátuas de outras capelas em recintos militares resolveram também dar a sua passeata nocturna. A minha Mãe contava que a estátua de S. Francisco Xavier, da Capela votiva no Quartel de Mon-Há, onde meu Pai prestava serviço, além das patrulhas nocturnas, tinha também direito a pré (como qualquer soldado) para as despesas da graxa às botas…
Após as tentativas de invasão holandesas, nunca mais soaram os canhões da Fortaleza da Barra, que a pouco e pouco foi-se degradando e entrando em ruína. Durante a Segunda Guerra Mundial, os canhões prestaram o seu último serviço: foram vendidos para adquirir arroz para alimentar os refugiados que vinham de Hong Kong e da China.
Hoje, as ruínas foram transformadas em Pousada e a Capela reconstruída. Só espero que S. Tiago não se lembre de deambular de noite pelos corredores ou não haverá clientes que aguentem o susto.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A Escola Infantil


Tinha quatro anos quando meus Pais entenderam que já era altura de me fazer à vida... deixar a protecção das saias maternais e iniciar a minha carreira académica.
Numa bela manhã (bem me lembro eu...) de Outubro, depois de bem lavadinho, penteadinho e de bibinho branco, onde à frente pontificava um monograma bordado a ponto cruz com as letras E e I (de "Escola Infantil"), começou a grande odisseia.
Se algo me lembro, foi a choradeira que fiz quando lá cheguei, acompanhado de minha Mãe. Não que algo me apoquentasse ou não quisesse lá estar. Há muito que esse problema estava resolvido. Só que, ao chegar à sala que me estava destinada, vi tantas caras de choro, que, daí até abrir a fonte das lágrimas foi um ápice.
A Educadora, conhecida de minha Mãe, lembrou-se que uma prima minha, mais velha um ano, estava numa sala ao lado, sugeriu que nesse dia eu passasse para lá, sempre havia alguém conhecido. Foi remédio santo. Logo que vi a minha prima Luzia, passou o pranto. Nem dei pela minha Mãe ter ido embora.
Até aos sete anos feitos frequentei a Escola Infantil, que tinha o nome de João de Deus. Podia ter transitado aos seis, mas consideraram-me muito imaturo para a primária, pelo que fiquei a amadurar mais um ano.
Foram anos de aprendizagem iguais a tantos outros jardim-escolas: jogos, trabalhos manuais, brincadeiras no recreio (enorme!), as calças rasgadas no escorrega, os trambolhões do baloiço, a Cartilha...
Eu ia sozinho, porque era só seguir o passeio. A única rua a atravessar era frente à Escola e aí um funcionário ajudava os alunos a passar. No entanto, à saída e à chegada tinha sempre a minha Mãe à porta à espera.
Tudo isso contribuiu para criar a minha autonomia e florescer a minha auto-estima. Em casa, o meu Pai sempre me incentivou a desenvolver as minhas potencialidades.
No ano lectivo de 55/56 fui finalista, com boas informações e considerado apto a frequentar a escola primária, a Escola Central como era conhecida.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Amizade

Hoje deu-me para isto. Acordei, como acontece com muita gente, com a melodia na cabeça. E quando assim é, já se sabe, andamos a trautear a dita até à exaustão. Trata-se do tema "L'Amitié" de Herbert Pagani. Fala da Amizade, no seu sentido mais puro e a melodia é simplesmente inspirada.
Ao partilhar convosco um pequeno vídeo que fiz sob este tema, quero igualmente contar um pequeno episódio ilustrativo. E, sendo um homem do Desporto, mal seria se não trouxesse à baila algo relacionado:
Nos famigerados Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, dois atletas japoneses disputavam as medalhas de prata e bronze, depois de um longo dia que se prolongou pela noite dentro, sem que um se superiorizasse ao outro. Para resolverem a questão, após uma reunião entre os dois, decidiram aleatoriamente que um ficaria com a medalha de prata e o outro, com a de bronze. De regresso ao Japão, dirigiram-se a um joalheiro e pediram-lhe que cortasse as medalhas ao meio e voltasse a fundir, ficando cada uma com metade da outra. Essas medalhas passaram a ser conhecidas como "As Medalhas da Amizade".

Ficai com L'Amitié e Herbert Pagani