Não têm nada com as “ditas de Cascais”. Antigamente, em Macau, as pessoas com quem tínhamos mais proximidade, recebiam o tratamento de Tios e de Manos, conforme eram mais velhas ou mais novas. Eu tenho dois irmãos, mas tinha dezenas de manos…(entre primos e amigos).
Isto vem a propósito de determinadas personagens que surgiam regularmente nas casas dos meus Avós e também dos meus Pais, normalmente tratadas por “Tias”, já idosas, vestidas sobriamente e que, curiosamente nunca cheguei a saber os nomes. Eram pessoas que se exprimiam educadamente, chegavam a meio da manhã, almoçavam connosco, às vezes ficavam um pouco pela tarde e depois partiam. Eram tratadas com todo o respeito. Eu sempre pensei que eram amigas da minha Avó, mas achava-as demasiado idosas para serem amigas da minha Mãe. Tanto a minha Avó como a minha Mãe nunca me disseram quem eram, pelo que, para nós, eram as Tias…
Hoje, já não tenho dúvidas que eram pessoas que viviam em asilos (actualmente denominados pomposamente lares de 3ª idade…) ou sozinhas e que por qualquer motivo eram apoiadas pela nossa Família naquilo que era possível: uma refeição de vez em quando, alguma companhia e eventualmente alguma ajuda financeira (que nunca vi e não creio, já que não vivíamos com desafogo para tal).
Lembrei-me delas quando vi hoje uma reportagem na televisão sobre o fornecimento de refeições gratuitas aos mais necessitados.
Em Portugal, 36 anos depois do 25 de Abril de 74.
E para ilustrar, um tema de Chico Buarque respigado da net:
E para ilustrar, um tema de Chico Buarque respigado da net:
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