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terça-feira, 6 de abril de 2010

"Arre-Macho..."

Faz hoje 40 anos que fui incorporado no Exército Português. Antigamente dizia-se assentei praça. Como soldado cadete na Escola Prática de Infantaria em Mafra.
De cabelo cortado tomei o comboio para uma longa jornada até à terra do Memorial do Convento. A meio da viagem já tinha estabelecido conhecimentos com outro mancebo (que raio de nome!) que ia para o mesmo.
Dispenso os pormenores da recepção,  inspecção médica e da distribuição da fardamenta. Foram demasiado humilhantes e surrealistas para serem recordados.
No final da tarde, antes do jantar, era vê-los à procura de amigos, conterrâneos, ou simples conhecidos.
As fardas eram enormes. As botas gigantescas. Os quicos pareciam barcaças ao contrário.
Nessa noite, foi a grande desbunda da praxe aos novos instruendos, com os soldados cadetes do 2º ciclo a armarem-se em oficiais e o pessoal cheio de medo, mais encostados uns aos aos outros que ovelhas num rebanho.
Foi o primeiro dia de quase quatro anos que dei à instituição militar em nome de uma Guerra Colonial que agonizava nas três frentes.
Foto: "... Quando eu morrer, enterrem-me na Tapada, com a velha Mauser e a farda ataviada..."(adaptação de bossa nova em voga na altura)


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