Este Blog não adere ao Novo Acordo Ortográfico

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sábado, 5 de novembro de 2011

Até breve

Desde o 1º dia de Janeiro de 2011 que deixei de postar.
Foi uma decisão tomada conscientemente. Estou numa fase crucial da minha vida que requer toda a minha concentração: pedi a aposentação (raio de nome!...) e estou à espera que me seja concedida. Até lá, outros problemas se me levantam. Voltarei ao blogue tão breve quando for possível.
Aos Amigos que me têm acompanhado, um pedido de desculpas, porque já devia ter dado esta explicação há mais tempo.
Entretanto, ficai com um vídeo que gosto muito e a promessa de regressar um dia.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

KUM HEI FAT CHOY!

Feliz Ano Novo!!!!!!!!!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Passagem de Ano em Macau nos anos 50



A Passagem de Ano, quando estava em Macau dizia-me pouco; era demasiado novo para ir às festas que se realizavam, um pouco por todo o lado.
Em casa, jantávamos cedo, depois, víamos os meus Pais aperaltarem-se para o Reveillon. Nós ficávamos entregues à nossa empregada. Com mais ou menos choraminguice, lá os víamos sair, com a promessa de regressarem cedo… Era uma noite como qualquer outra.
Os meus Pais, nos últimos anos que passámos em Macau, costumavam fazer a Passagem do Ano na Piscina de Macau, onde, pelos vistos, a festa era de arromba, pelas muitas fotografias que tenho. Nelas, aparecem, além dos meus Pais, os meus Tios e alguns Amigos que não identifico. Em tempos mais recuados, o Reveillon era na casa dos meus Avós cujas festas ficaram documentadas em fotografias, mas não consigo distinguir as de Passagem de Ano das outras.
A sequência fotográfica acima, data dos anos 50 e refere-se às festas realizadas na Piscina de Macau, que, pela idade, nunca frequentei nem conheci.

Natal em Macau

Nos meus tempos de menino em Macau, o Natal, tal como hoje, penso eu, era o anglo-saxónico, com a figura do Pai Natal e do pinheiro enfeitado em detrimento do tradicional português. Na casa dos meus Avós havia um velho Presépio de cartão, com as figuras recortadas, mas que fazia as delícias de toda a pequenada. A Árvore de Natal era imponente: um pinheiro que Avô-Pá se encarregava de trazer, não sei de onde, que quase chegava ao tecto. Bolas e enfeitos, novos e antigos misturavam-se entre fitas e faiscantes lâmpadas multi-coloridas. Flocos de algodão davam o branco da neve.
Curiosamente, não me lembro das noites de Consoada na casa dos Avós, excepto a última que passei em Macau, porque acompanhei Avó-Má à Missa do Galo na Igreja de Santo António.
Não era hábito na nossa Família fazer os doces da época. Normalmente Avó-Má comprava-os a umas senhoras idosas que os confeccionavam e os levavam lá a casa. A mesa estava sempre posta para receber quem chegasse, do Natal até aos Reis.
Como quem trazia os presentes era o Pai Natal, estes só eram acedidos no dia 25 de manhã, já na nossa casa, dentro dos sapatos que colocávamos debaixo da nossa Árvore de Natal. Como o nosso Pai normalmente estava de prevenção no quartel, consoávamos na casa dos Avós, com grande júbilo de Avô-Pá que gostava de ver muita gente à sua volta. As pessoas que se reuniam variavam. Tio César e Tia Branca, que viviam em Macau traziam os filhos; Tia Zela, Jojo, Tio Hugo e Tia Gija ainda viviam com os meus Avós; às vezes Tio Vasco também estava. Dava gosto ver o ar de inefável felicidade do Chefe Amarante com  a casa cheia e aquele exército de catraios a percorrer tudo quanto era canto da casa. Era o Natal que nunca teve em pequeno. Não dispensava o bacalhau com batatas e couves mas dispensava o ovo, que considerava um luxo desnecessário. Tal como o bacalhau que tinha de vir de Portugal, abria também um garrafão de vinho tinto (encomendado com meses de antecedência), selado com gesso que tinha de ser partido com um martelo, com grande alegria dos mais novos, que aproveitavam os bocados de gesso para riscar o chão do pátio com o jogo da macaca, os quatro cantinhos e outros grafitos infantis.
No dia 25, com roupinhas novas, fazíamos as visitas para trocas de prendas. De caminho, esbugalhávamos os olhos e esborrachávamos os narizes nas montras das lojas cintilantes e ricamente decoradas.
Macau era aquele empório onde tudo entrava e saía. Apesar de não sermos abastados, tive brinquedos que só muitos anos depois vi à venda em Portugal.
Foto: Iluminações de Natal em Macau 2010, colocada no Facebook pelo meu primo Dino

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

20 de Dezembro. O dia do adeus

Passou mais um ano sobre a devolução de Macau à China.
Saí de lá muito novo. Nunca mais voltei. Em Macau estão os ossos dos meus Avós e alguns Tios e Primos. Ainda tenho familiares vivos nesse território.
Enquanto for vivo e a minha memória se mantiver lúcida, em Macau estarão sempre pedaços de mim. Macau a terra onde nasci.

domingo, 14 de novembro de 2010

Parabéns Mãe!

A minha Mãe faria hoje 84 anos. Ainda conheceu as nossas filhas Diana e Ana Carolina, assim como todos os outros netos que teve (Nuno, João e Ana Margarida). Tenho falado muito dela neste blog, pelo que hoje apenas quero manifestar o quanto gosto dela, as saudades que tenho, a falta que sinto dela, mas também a grande felicidade de ser filho dela e poder dizer que, apesar de já não estar entre nós em pessoa, está dentro de mim, como eu estive dentro dela. E assim será, até que um dia nos voltaremos todos a encontrar. Parabéns Mãe!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Santos e relíquias

Ao ler um dos posts de João Botas (http://macauantigo.blogspot.com/) sobre São Francisco Xavier, lembrei-me que foi Avó-Má que me falou, pela primeira vez deste santo. Foi naquela fase em que ainda tinha a esperança que eu fosse estudar para padre e contava-me muitas histórias de santos e milagres, possivelmente com alguma fantasia de permeio, mas que eu até gostava e tornou-me um razoável contador de histórias, capacidade que viria a manifestar mais tarde na escola e depois, quando fui pai de duas ávidas ouvintes.
Mas, curiosamente, nunca me contou que em Macau se venerava um pedaço do úmero do Santo. Durante a minha viagem de Macau para o Continente, feita no paquete Timor, tivemos, até Singapura, a companhia de um padre, novo, que aproveitando do facto de haver muitas crianças a bordo (na 3ª classe, que era onde viajávamos…) organizava o muito tempo que dispúnhamos para brincadeiras e também para nos ir catequizando, cantando cânticos no convés, contando histórias de santos, rezando o terço… E foi através dele que soube do osso do úmero que ficara em Macau e eu jamais veria, mas do corpo incorrupto do taumaturgo que eu teria a oportunidade de ver em Goa, na escala que o navio fez em Mormugão, na altura, ainda sob administração portuguesa. Era novo, mas muito interessado nestas questões do sobrenatural. Gostei de ver a urna de prata onde repousa o corpo enegrecido envolto em ricas vestes, visível através de um vidro. Outro relicário que me impressionou também, foi o que continha o osso do dedo do pé, arrancado com os dentes por uma fiel que queria ficar com uma relíquia corpórea do Santo…
Posteriormente, foi a minha Mãe que me fez guarda de uma relíquia de São Francisco Xavier, uma relíquia denominada “de contacto”, constituída por um minúsculo pedaço da veste do Santo, quando foi substituído, numa das vezes que o túmulo foi aberto. Tinha-lhe sido dada pelo meu Tio Vasco. Estava dentro de um pequeno envelope com uma gravura e uma oração. Infelizmente, guardei-a tão bem que nunca mais a vi…
Ao pesquisar na net, encontrei uns trabalhos muito interessantes sobre São Francisco Xavier, da autoria de Maria Cristina Osswald e que recomendo vivamente aos interessados.