Este Blog não adere ao Novo Acordo Ortográfico

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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Tia Branca

Nasceu em 1918, no mês de Julho, faria hoje 92 anos. Era a mais velha dos oito filhos dos meus Avós. Era muito bonita, aliás, como todas as quatro filhas dos meus Avós. Sei muito pouco da sua vida pessoal. Casou muito nova com um músico filipino. Um casamento de estadão, com o "jet set" da época, que a vida corria bem para o Chefe Amarante e a sua prole. Ouvi dizer que tinha sido na Sé Catedral, só o véu tinha não sei quantos metros e era todo bordado à mão... Na festa tocaram três orquestras. Dessa relação nasceram: a Conceição ("Nonie", que seguiu uma carreira de cantora ligeira e que já referi anteriormente), a Albertina, a Ivone e o "Boy" que, suponho, se chamava Daniel. Pelo meio ficou um primo que nunca cheguei a conhecer, por ter morrido muito cedo (antes dos 4 anos) e que era conhecido muito carinhosamente como o "Menino" e cujo nome era Rui. Talvez por ter sido o primeiro rapaz a nascer como neto da Família Amarante, o seu falecimento prematuro tocou profundamente a todos, muito especialmente o meu Avô. Eu ainda me lembro de nos Dias de Finados irmos levar-lhe flores ao cemitério.
Eu gostava muito dela, chamava-lhe "Tia Tai Ku Neon", que seria algo como a "Tia mais velha". Por seu lado ela chamava-me "Neny". Dela só tenho boas recordações.
A Tia Branca era uma pessoa muito alegre e optimista, qualidades que herdou directamente de Avó-Má. Nunca conheci o marido dela, até porque estava sempre em digressão com a orquestra e a filha "Noni" fora de Macau. Para além de nadar bem (era velocista em "crol"), facto que já referi em post anterior, tinha uma grande habilidade para a costura, fazendo vestidos e para fazer malha. Era capaz de começar de manhã a tricotar uma camisola e à noite levá-la vestida para sair.
A certa altura da sua vida, pouco antes de virmos viver para Portugal, resolveu ir com os filhos juntar-se ao marido que estava a actuar em Manila. Nunca percebemos muito bem o que aconteceu. Só que quando lá chegaram, o marido e a filha já lá não estavam e a família deste não os recebeu muito bem. Sem dinheiro para regressar a Macau ficaram por Manila. Entretanto, a minha Tia adoeceu e foi hospitalizada com um cancro.
As notícias que recebíamos não eram nada tranquilizadoras. Era preciso ir buscá-la, mas não havia dinheiro para isso. Valeu-nos o grande filantropo e mecenas Dr. Pedro Lobo que emprestou a quantia necessária. Nenhum dos meus Tios e Tias estavam em condições de se incumbirem da tarefa, uns por razões profissionais, outros por serem novos e no caso da minha Mãe, porque estava em adiantado estado de gravidez da minha Irmã. Tivemos de nos socorrermos de um amigo da Família que se prontificou a ir buscar a minha Tia. Mas quando este lá chegou, já encontrou a minha Tia em fase terminal da doença, falecendo pouco tempo depois. Os meus Primos ficaram entregues à família do pai, nunca mais regressaram a Macau nem nunca mais tivemos notícias deles. A minha prima "Noni" vive em Bancoque, na Tailândia, casou, teve filhos. Há uns anos, o meu Tio Vasco foi padrinho de casamento de uma filha dela. As fotografias que coloco mostram como era e, tirando a mais antiga, como a recordo.
Fotografia 2: com a filha mais velha, "Nonie"
Fotografia 3: com a minha Mãe
Fotografia 4: com os filhos Albertina (de blusa escura), Yvone e "Boy"; o da garrafa é o autor destas linhas... 

sábado, 17 de julho de 2010

A Minha Mãe


É a fotografia mais antiga que possuo da minha Mãe. Não tem data. Como nasceu em Novembro de 1926, calculo que tivesse entre os dois anos e meio e os três anos. Já é possível vislumbrar nas suas feições o espírito voluntarioso que a havia de caracterizar ao longo da sua vida.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Hoje faço anos!

Completo hoje 61 anos. Há quem diga que, com essa idade, já ninguém faz anos. Eu não me importo. O que perdi em não poder fazer certas coisas como quando era mais novo, ganhei em calma, lucidez, experiência e tolerância. O tempo passa mais depressa, mas consigo apreciar melhor as mais pequenas coisas. Se o corpo envelheceu, o espírito, conservo-o jovem. Mantenho a capacidade de aprender todos os dias e não sou renitente face às novidades.
Recebi da net muitos votos de congratulações que agradeci individualmente. Não sei quanto posso esperar da esperança de vida. Apenas desejo que a qualidade de vida que hoje usufruo, possa manter-se até à minha hora de partir. Até lá, quero viver a minha vida com alegria e realidade. "Parabéns Reinaldo, muitas felicidades, muitos anos de vida..." e já agora, "... uma salva de palmas.".
Foto: Eu, aos dois meses e meio, no dia do baptismo (4 de Outubro de 1949).

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Parabéns Avó-Má

Nasceu há 116 anos. Teve oito filhos. Muitos netos e bisnetos (que chegou a conhecer). Teve uma vida cheia. De tudo. Do melhor e do pior. Mas até nos deixar, mostrou sempre uma lucidez notável. Foi a única Avó que conheci, aquela que é a inspiradora deste blog. Mesmo nos piores momentos da sua vida, foi capaz de manter acesa a chama da esperança, da alegria de viver, contagiando todos os que com ela contactavam. Para quem nasceu há mais de cem anos, foi dos espíritos mais abertos que tive o privilégio de conhecer. As rosas, que ela tanto gostava (e Avô-Pá enchia-lhe o jardim com rosas brancas e rosadas de estacas vindas de Portugal), representam cada uma, os muitos descendentes da Família Amarante espalhados pelo mundo. Um beijo por cada um deles.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Uma Família de Músicos II

Já está na recta final da casa dos 50. É meu primo, filho da minha Tia Gisela (Zela). Chama-se José Manuel Amarante (Jojo). Nasceu no dia 1 de Janeiro de 1952, contam as crónicas, após três dias de trabalho de parto... Como foi praticamente criado pelos meus Avós, era o neto querido destes, se é que podíamos dizer isso. Nos meados dos anos 60 e princípios de 70, tendo como exemplo muitos outros elementos da Família que se dedicaram à música (ver post "Uma Família de Músicos"), muito especialmente o meu primo Nado (Leonardo Amarante), leader dos "Grey Coats", um grupo que teve o seu momento de fama nos anos 60 e que falarei mais tarde, fez parte de uma banda, cujo nome nunca consegui saber, porque eu já não estava em Macau nessa altura e quem me enviou as fotografias, não me facultou esse dado. O curioso nisto tudo, é que o meu primo Jojo aprendeu a tocar viola-baixo com o primo Nado (que era também baixista). Como no início não tinha uma viola própria e era canhoto e o meu primo Nado era dextro, limitou-se a virar a viola deste para a direita, ficando com as cordas mais grossas para baixo e tocava assim. Não sei quanto tempo durou a sua carreira em grupo. Mais tarde, passou a actuar a solo, animando festas e outros eventos. Até há pouco tempo, tinha um cargo de gerência no Hotel Lisboa.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A propósito de Futebol...


Com dois grandes jogadores de futebol na Família (os meus Tios César e Hugo), devo confessar que, apesar de Professor de Educação Física, Futebol nunca foi o meu forte. Sei o necessário para as aulas e a partir daí reduzo-me à minha auto-reconhecida insignificância.
As razões vêm de longe, quando fui para a 1ª classe. Como todos os catraios, os tempos livres eram dedicados ao “dez de cada lado e termina aos vinte”…
Quis a sorte (ou o azar), que a primeira vez que a bola veio aos meus pés, o chuto deu-lhe efeitos tais que seguiu uma trajectória curva a fazer inveja a qualquer Ronaldo da actualidade e acertou mesmo ao meio do vidro da janela de uma das salas de aula da escola. Tão depressa começou, acabou o jogo nesse dia, ficando eu sozinho frente ao buraco por onde entrou a bola.
Nada me aconteceu do insólito golo. Houve muita compreensão por parte da Directora da Escola, que apenas informou a minha mãe do sucedido.
Mas dentro de mim, começou um processo, não direi de anti-futebol, mas nunca mais joguei voluntariamente o dito Desporto-Rei. Gosto de ver alguns jogos. Vibro quando a Briosa  (4 ever!) ganha. Sou admirador de Garrincha e de Eusébio e já chorei quando a Selecção ganhou.
De resto, nunca entendi o prazer de “dar uns toques na menina” e dos “solteiros e casados”. Talvez por isso me tenha dedicado a outras modalidades, consideradas pobres e gostasse de ter tido  mais oportunidade de praticar algumas actividades radicais.
Caricaturas: Eusébio e Garrincha (da Net)