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sábado, 28 de agosto de 2010

Bambi

Teria uns seis anitos, quando o meu Pai me levou a ver o filme de animação "Bambi" que corria no Cinema Apollo. Tudo apontava para uma tarde de matiné bem passada. Meu Pai adorava filmes da Disney, eu nunca tinha visto nenhum e estava entusiasmado. Tive tudo aquilo "que tinha direito": um gelado à entrada e amendoins ao intervalo. Até aqui tudo bem. Só que ninguém se lembrou que na parte final do filme, a mãe de Bambi morre. Nunca percebi porque razão as Produções Disney introduziram essa cena. Só sei que quando o Bambi começa a gritar pela mãe, eu começo num choro desalmado, num estado de angústia que ainda hoje me lembro. O filme termina, saímos com o meu Pai muito atrapalhado a segurar-me pela mão, eu a chorar convulsivamente, meio mundo a olhar curioso e o outro meio a pensar que, eventualmente, o meu Pai me tinha batido...
Só voltei a ver o filme quando ele foi editado em Portugal em VHS, nos inícios dos anos 90; já tinha duas filhas, a mais nova teria quatro ou cinco anos. Na caixa da cassete estava escrito expressamente que a cena da morte da mãe de Bambi era censurada (passada à frente) quando a mais nova estivesse a ver...
Já adulto, quando recordei a cena com o meu Pai ainda nos rimos bastante; ele confirmou que estava tão embaraçado que nem sabia o que fazer, comigo agarrado às pernas dele a dizer em Cantonense que queria a minha Mãe e ele sem perceber...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

"Where are you now my Friend?"

Parafraseando um Álbum de Joan Baez, onde páras meu Amigo?
Tinha a minha idade. Fizemos juntos a Escola Infantil e juntos fomos para a Escola Central. Chamava-se Alberto Chau. Foi o primeiro Amigo de escola que tive. Era de ascendência chinesa. Éramos uma parelha inseparável. Era um miúdo calmo e sossegado como eu. Frequentava a minha casa como se de familiar se tratasse. Uns meses antes de eu deixar Macau, morreu-lhe o pai. Apesar da minha pouca idade, senti que se apoiou mais em mim. Quando lhe disse que me vinha embora, choramos os dois juntos. Ainda me lembro das suas palavras: "Primeiro foi meu Pai, agora és tu...". Dele ficaram as recordações e uma fotografia, que era para ser de nós dois juntos, mas não se proporcionou.
Onde quer que estejas, Amigo Alberto Chau, espero que estejas bem. Aquele abraço que nunca demos.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A Ian Palach

Tinha eu 19 anos, quando os tanques do Pacto de Varsóvia (URSS) invadiram Praga no dia 20 de Agosto de 1968. Ano de grandes transformações sociais (lembremo-nos de Maio de 68), a Checoeslováquia vivia a euforia de uma primavera política toda feita de um Socialismo de rosto humano, quando a força das lagartas comunistas esmagaram tudo à sua passagem. É evidente que o  nosso regime de então não deixou de aproveitar o facto, apesar das notícias terem chegado muito filtradas. Dessa época ficou-me o gesto heróico de um estudante, IAN PALACH, de 20 anos, que se imolou pelo fogo, em protesto, numa das artérias principais da cidade em 19 de Janeiro de 1969.
Hoje, quando vejo a nossa juventude, tantas vezes, sem rumo nem objectivos ou ideais aparentes, lamento que Ian Palach e o seu sacrifício não sejam mais conhecidos.
Fotografias da Net: Ian Palach e o monumento na Avenida Wenceslas no local onde caíu.

domingo, 15 de agosto de 2010

Elvis Presley em Macau


No dia 16 de Agosto passam 33 anos que se calou uma das vozes mais famosas do pop-rock mundial.
Teria eu entre 8 e 9 anos, quando o fenómeno Elvis Presley atingiu um dos seus picos. Macau, onde vivia ainda, tal não passou de lado. Os adolescentes deixavam crescer o cabelo, penteando-o com a famosa popa armada com “Brylcreem” (marca de brilhantina). Meio mundo juvenil queria tocar guitarra e cantar meneando as ancas. Pela primeira vez apercebi-me o que era o choque de gerações. Tinha dois amigos, filhos de um casal das relações dos meus Pais, que eram mais velhos que eu, que receberam um ultimato paternal: ou cortavam o cabelo ou ficavam sem guitarra e os discos de Elvis seriam proscritos da casa.
Na Escola Central (a primária que frequentava), como éramos novos demais para esse tipo de guerras, dividíamo-nos em dois grupos: os fans de Elvis Presley e os admiradores de Pat Boone, cantor mais “soft” e com mais aceitação nos meios familiares. Chegávamos a fazer listas nominais para ver quem tinha mais nomes de apoiantes.
Curiosamente, em 1958, quando viemos viver em Portugal, o fenómeno Elvis era quase despercebido. A rádio passava uma ou outra canção, normalmente as mais lamechas, tipo “Love me tender” e pouco mais. As jeans e os blusões que eram as imagens de marca do “Rei” nem se encontravam à venda em Lisboa. Por cá a música era outra…

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Hiroshima, NUNCA MAIS!

Avó-Má falou-me da Bomba quando era pequeno, minha Mãe também. Com o tempo apercebi-me por mim próprio do que foi e continua a ser. Talvez por isso, todos os anos, mesmo repetindo as mesmas palavras, nunca deixe de assinalar o dia 6 de Agosto para que nunca mais se repita.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

José Afonso - 2010



José Afonso faria hoje 81 se estivesse vivo. O vídeo foi dedicado à minha filha mais velha, Diana Carolina, porque a "Canção de Embalar" que lhe serve de banda sonora, foi a primeira canção que ela ouviu e cantei-a milhentas vezes para a adormecer quando era pequena, pelo que já faz parte da história das nossas vidas.